Por Bárbara G. Nunes
Por Joana Pazinatto
A Revolução do Proletariado.
Os investimentos em conhecimento geram os melhores dividendos. (Benjamin Franklin)
domingo, 23 de outubro de 2011
comentários sobre o filme Germinal.
Achei o filme comovente, pois nos remete á como começou toda a luta dos trabalhadores para um pouco de justiça. Vemos através dele que não foi fácil chegar a todos os direitos que temos hoje, que foi preciso muita luta, união e força de vontade para enfrentar os patrões, os colegas que se voltavam contra a greve ou as idéias de como buscar os direitos de um trabalho digno e o vilão maior, a fome.
Muito interessante as passagens da vida dos proletariados e a comparação com a vida dos burgueses, que nos faz obviamente tomarmos um partido, o trabalho infantil, das mulheres e como todos os trabalhadores eram expostos aos riscos que aquele lugar permitia, sem direito algum e vivendo com salários indignos.
A pressão que teve contra os revolucionários durante a greve, prendendo os lideres e principalmente quando contrataram trabalhadores de fora, forçando o fim da greve, e as vontades que se dividiam entre viver com aquele pouco e não passar fome ou não abandonar a causa.
A solução dos grevistas tentando impedir que os seus colegas voltassem ao trabalho quebrando as maquinas, gerando vários conflitos e a imagem do anarquista que pra ele a solução foi sabotar as minas, acabando com tudo e começando do zero. Tudo isso retrata o inicio das lutas do proletariado contra a exploração dos seus patrões e nos mostra como é bom ter esses direitos conquistados que a CLT nos dá.
Ao mesmo tempo em que nos leva aos primórdios da história do trabalho, me fez pensar na realidade atual, acho que é muito válido termos todos os direitos e deveres que a CLT nos permiti, que a luta desses homens e mulheres não foi em vão, porém em questões salariais ainda acho que é muito pouco o salário mínimo R$ 545,00 para viver dignamente, comparado as custas de viver em um país capitalista, onde o que mais pesa é o bolso, onde tudo se paga. Anualmente se tem o reajuste do salário mínimo, porém todo o resto aumenta também, de que adianta esse reajuste?
Acho que é um modo de ir levando o povo que não nota o que realmente acontece, que talvez a pouca informação os faz serem vitimas da ignorância e da comoção, realmente me pergunto por que estes políticos não têm esse salário para viver, afinal quem movimenta a economia do país e trabalha arduamente, não é o povo?!
Ao contrário pagamos os salários exorbitantes aos políticos e vivemos com esse salário merréquinha! Quem sabe a luta dos trabalhadores ainda não tenha chegado totalmente ao fim.
Por Bárbara G. Nunes
Filme: Germinal
O filme Germinal foi produzido em 1993, é baseado em no romance francês Germinal de Émile Édouard Charles Atoine Zola, de 1881. O cenário era pequenas vilas de trabalhadores de minas de carvão, vivendo na extrema miséria, subordinados pela burguesia. Toda família era obrigada a trabalhar nas minas, inclusive as crianças, e os adolescentes. Trabalhavam até 16 horas diárias, com pouco tempo para se alimentar e descansar. Ainda mais, o salário também era uma miséria, recebiam pouco para suprir as necessidades da família. Os proletariados, no entanto, não conseguiam reverter essa situação, pois sempre desejavam aumento no salário pelo trabalho realizado, porém a burguesia não enxergava a realidade destas famílias, ou talvez enxergassem, mas deixavam de lado essa situação. Aos poucos esses proletariados foram tendo muita influência dos Europeus, agindo mais com a realidade do que com a emoção, ou seja, começando aos poucos a revolucionar, procurar seus direitos. No filme então eles começam por quebrar toda estrutura das máquinas das minas, fizeram greve, reclamações para a burguesia. Porém naquela época a burguesia tinha um poder imenso sob a classe operária, então para esta se manifestar contra, era uma luta totalmente perdida, pois jamais iria mudar alguma coisa em relação aos trabalhadores. Situação que repercute até hoje.
Por Joana Pazinatto
Análise do Filme Germinal
O filme Germinal produzido em 1993 foi baseado no romance francês Germinal de Émile Zola, de 1881. O cenário é uma pequena vila de trabalhadores de minas dominada por extrema miséria econômica e muita degradação humana. Na década de 1980 o fechamento de muitas minas de carvão da Inglaterra, principal pólo de sustentação econômica em várias cidades, gerou uma forte crise entre os trabalhadores. Podemos falar também que o filme, assim como nas obras naturalistas a razão prevalecia muito às emoções, a arte de modificar a realidade era vista injustamente pelo poder dominante. Os próprios funcionários da mina sempre questionavam seus direitos perdidos, porque para a classe burguesa isso não valeria de nada. Seus objetivos financeiros estavam acima dos propósitos dos trabalhadores. A luta dos trabalhadores mineiros foi o marco inicial para aquisição de uma política de igualdade. O que prevalecia na época era a dominância de uma classe sobre a outra. A cidadania ameaçada pelas relações de produção fizera com que um grupo social não mais aceitasse passar necessidades e privações pela falta de igualdade. Aqui percebemos uma característica típica das obras realistas-naturalista: a burguesia dominando sobre o assalariado e vivendo das regalias do trabalho escravo. Os senhores eram proprietários da força de trabalho dos escravos, dos meios de produção as terras, pão, minas, instrumentos de produção e do produto do trabalho. O trabalhador não é obrigado a ficar sempre na mesma terra ou na mesma situação: é livre para não trabalhar, mas na prática precisam trabalhar para não morrer de fome.
Germinal refere-se ao processo de gestação e maturação de movimentos grevistas e de uma atitude mais ofensiva por parte dos trabalhadores das minas de carvão do século XIX na França em relação à exploração de seus patrões. Vilipendiado, roubado, esgotado, trabalhando em condições totalmente impróprias, inseguro, sujeito a acidentes que podem ceifar-lhe a vida ou decepar-lhe um braço ou uma perna, assim nos é mostrado o proletariado francês nas telas. Inserido na escuridão das minas de carvão, sujo, cumprindo jornadas de 14, 15 ou 16 horas, recebendo salários baixíssimos e tendo que ver sua família toda se encaminhar para o mesmo tipo de trabalho e péssimas condições, pouco resta aos trabalhadores senão a luta contra aqueles que os oprimem. A obra literária é do período que marca o surgimento da Internacional Comunista, por isso há menções a Marx e Engels e também ao anarquismo.
No Liberalismo, é ensinado aos donos das empresas, que por ventura são as pessoas que mais adoram o capitalismo, que o caminho para o sucesso é a empresa tem que ter poder para agir livremente, de preferência sem nenhuma intervenção dos governos. Assim, elas exploram os funcionários como querem, pagam salários baixíssimos e não pagam nenhum direito trabalhista (Férias, Licença Saúde, Licença Maternidade, etc). Assim, os trabalhadores estavam jogados a sua própria sorte, e nesse mar de desgraça, os discursos socialistas e marxistas ganham muita força e começam a cativar os trabalhadores cansados de sofrer nas mãos dos donos das fábricas.
Por Silvio Tadeu Fossatti.
Muito interessante as passagens da vida dos proletariados e a comparação com a vida dos burgueses, que nos faz obviamente tomarmos um partido, o trabalho infantil, das mulheres e como todos os trabalhadores eram expostos aos riscos que aquele lugar permitia, sem direito algum e vivendo com salários indignos.
A pressão que teve contra os revolucionários durante a greve, prendendo os lideres e principalmente quando contrataram trabalhadores de fora, forçando o fim da greve, e as vontades que se dividiam entre viver com aquele pouco e não passar fome ou não abandonar a causa.
A solução dos grevistas tentando impedir que os seus colegas voltassem ao trabalho quebrando as maquinas, gerando vários conflitos e a imagem do anarquista que pra ele a solução foi sabotar as minas, acabando com tudo e começando do zero. Tudo isso retrata o inicio das lutas do proletariado contra a exploração dos seus patrões e nos mostra como é bom ter esses direitos conquistados que a CLT nos dá.
Ao mesmo tempo em que nos leva aos primórdios da história do trabalho, me fez pensar na realidade atual, acho que é muito válido termos todos os direitos e deveres que a CLT nos permiti, que a luta desses homens e mulheres não foi em vão, porém em questões salariais ainda acho que é muito pouco o salário mínimo R$ 545,00 para viver dignamente, comparado as custas de viver em um país capitalista, onde o que mais pesa é o bolso, onde tudo se paga. Anualmente se tem o reajuste do salário mínimo, porém todo o resto aumenta também, de que adianta esse reajuste?
Acho que é um modo de ir levando o povo que não nota o que realmente acontece, que talvez a pouca informação os faz serem vitimas da ignorância e da comoção, realmente me pergunto por que estes políticos não têm esse salário para viver, afinal quem movimenta a economia do país e trabalha arduamente, não é o povo?!
Ao contrário pagamos os salários exorbitantes aos políticos e vivemos com esse salário merréquinha! Quem sabe a luta dos trabalhadores ainda não tenha chegado totalmente ao fim.
Por Bárbara G. Nunes
Filme: Germinal
O filme Germinal foi produzido em 1993, é baseado em no romance francês Germinal de Émile Édouard Charles Atoine Zola, de 1881. O cenário era pequenas vilas de trabalhadores de minas de carvão, vivendo na extrema miséria, subordinados pela burguesia. Toda família era obrigada a trabalhar nas minas, inclusive as crianças, e os adolescentes. Trabalhavam até 16 horas diárias, com pouco tempo para se alimentar e descansar. Ainda mais, o salário também era uma miséria, recebiam pouco para suprir as necessidades da família. Os proletariados, no entanto, não conseguiam reverter essa situação, pois sempre desejavam aumento no salário pelo trabalho realizado, porém a burguesia não enxergava a realidade destas famílias, ou talvez enxergassem, mas deixavam de lado essa situação. Aos poucos esses proletariados foram tendo muita influência dos Europeus, agindo mais com a realidade do que com a emoção, ou seja, começando aos poucos a revolucionar, procurar seus direitos. No filme então eles começam por quebrar toda estrutura das máquinas das minas, fizeram greve, reclamações para a burguesia. Porém naquela época a burguesia tinha um poder imenso sob a classe operária, então para esta se manifestar contra, era uma luta totalmente perdida, pois jamais iria mudar alguma coisa em relação aos trabalhadores. Situação que repercute até hoje.
Por Joana Pazinatto
Análise do Filme Germinal
O filme Germinal produzido em 1993 foi baseado no romance francês Germinal de Émile Zola, de 1881. O cenário é uma pequena vila de trabalhadores de minas dominada por extrema miséria econômica e muita degradação humana. Na década de 1980 o fechamento de muitas minas de carvão da Inglaterra, principal pólo de sustentação econômica em várias cidades, gerou uma forte crise entre os trabalhadores. Podemos falar também que o filme, assim como nas obras naturalistas a razão prevalecia muito às emoções, a arte de modificar a realidade era vista injustamente pelo poder dominante. Os próprios funcionários da mina sempre questionavam seus direitos perdidos, porque para a classe burguesa isso não valeria de nada. Seus objetivos financeiros estavam acima dos propósitos dos trabalhadores. A luta dos trabalhadores mineiros foi o marco inicial para aquisição de uma política de igualdade. O que prevalecia na época era a dominância de uma classe sobre a outra. A cidadania ameaçada pelas relações de produção fizera com que um grupo social não mais aceitasse passar necessidades e privações pela falta de igualdade. Aqui percebemos uma característica típica das obras realistas-naturalista: a burguesia dominando sobre o assalariado e vivendo das regalias do trabalho escravo. Os senhores eram proprietários da força de trabalho dos escravos, dos meios de produção as terras, pão, minas, instrumentos de produção e do produto do trabalho. O trabalhador não é obrigado a ficar sempre na mesma terra ou na mesma situação: é livre para não trabalhar, mas na prática precisam trabalhar para não morrer de fome.
Germinal refere-se ao processo de gestação e maturação de movimentos grevistas e de uma atitude mais ofensiva por parte dos trabalhadores das minas de carvão do século XIX na França em relação à exploração de seus patrões. Vilipendiado, roubado, esgotado, trabalhando em condições totalmente impróprias, inseguro, sujeito a acidentes que podem ceifar-lhe a vida ou decepar-lhe um braço ou uma perna, assim nos é mostrado o proletariado francês nas telas. Inserido na escuridão das minas de carvão, sujo, cumprindo jornadas de 14, 15 ou 16 horas, recebendo salários baixíssimos e tendo que ver sua família toda se encaminhar para o mesmo tipo de trabalho e péssimas condições, pouco resta aos trabalhadores senão a luta contra aqueles que os oprimem. A obra literária é do período que marca o surgimento da Internacional Comunista, por isso há menções a Marx e Engels e também ao anarquismo.
No Liberalismo, é ensinado aos donos das empresas, que por ventura são as pessoas que mais adoram o capitalismo, que o caminho para o sucesso é a empresa tem que ter poder para agir livremente, de preferência sem nenhuma intervenção dos governos. Assim, elas exploram os funcionários como querem, pagam salários baixíssimos e não pagam nenhum direito trabalhista (Férias, Licença Saúde, Licença Maternidade, etc). Assim, os trabalhadores estavam jogados a sua própria sorte, e nesse mar de desgraça, os discursos socialistas e marxistas ganham muita força e começam a cativar os trabalhadores cansados de sofrer nas mãos dos donos das fábricas.
Por Silvio Tadeu Fossatti.
sábado, 17 de setembro de 2011
Sobre o Papel do Trabalho na Transformação do Homen em Macaco de Friedrich Engels.
O trabalho é a fonte de toda riqueza, afirmam os economis¬tas. Assim é, com efeito, ao lado da natureza, encarregada de fornecer os materiais que ele converte em riqueza. O traba¬lho, porém, é muitíssimo mais do que isso. É a condição bá¬sica e fundamental de toda a vida humana. E em tal grau que, até certo ponto, podemos afirmar que o trabalho criou o próprio homem.
Há muitas centenas de milhares de anos, numa época, ain¬da não estabelecida em definitivo, daquele período do desen¬volvimento da Terra que os geólogos denominam terciário, provavelmente em fins desse período, vivia em algum lugar da zona tropical — talvez em um extenso continente hoje desaparecido nas profundezas do Oceano Indico — uma raça de macacos antropomorfos extraordinariamente desenvolvida. Darwin nos deu uma descrição aproximada desses nossos an¬tepassados. Eram totalmente cobertos de pelo, tinham barba, orelhas pontiagudas, viviam nas árvores e formavam ma¬nadas.
É de supor que, como conseqüência direta de seu gênero de vida, devido ao qual as mãos, ao trepar, tinham que de¬sempenhar funções distintas das dos pés, esses macacos fo¬ram-se acostumando a prescindir de suas mãos ao caminhar pelo chão e começaram a adotar cada vez mais uma posição ereta. Foi o passo decisivo para a transição do macaco ao homem.
Todos os macacos antropomorfos que existem hoje podem permanecer em posição erecta e caminhar apoiando-se unica¬mente sobre seus pés; mas o fazem só em casos de extrema necessidade e, além disso, com enorme lentidão. Caminham habitualmente em atitude semi-erecta, e sua marcha inclui o uso das mãos. A maioria desses macacos apóiam no solo os dedos e, encolhendo as pernas, fazem avançar o corpo por entre os seus largos braços, como um paralítico que ca¬minha com muletas. Em geral, podemos ainda hoje observar entre os macacos todas as formas de transição entre a mar¬cha a quatro patas e a marcha em posição erecta. Mas para nenhum deles a posição erecta vai além de um recurso circunstancial.
E posto que a posição erecta havia de ser para os nossos peludos antepassados primeiro uma norma, e logo uma necessidade, dai se depreende que naquele período as mãos tinham que executar funções cada vez mais variadas. Mesmo entre os macacos existe já certa divisão de funções entre os pés e as mãos. Como assinalamos acima, enquanto trepa¬vam as mãos eram utilizadas de maneira diferente que os pés. As mãos servem fundamentalmente para recolher e sus¬tentar os alimentos, como o fazem já alguns mamíferos in¬feriores com suas patas dianteiras. Certos macacos recor¬rem às mãos para construir ninhos nas árvores; e alguns, como o chimpanzé, chegam a construir telhados entre os ra¬mos, para defender-se das inclemências do tempo. A mão lhes serve para empunhar garrotes, com os quais se defendem de seus inimigos, ou para os bombardear com frutos e pedras. Quando se encontram prisioneiros realizam com as mãos vá¬rias operações que copiam dos homens. Mas aqui precisa¬mente é que se percebe quanto é grande a distância que se¬para a mão primitiva dos macacos, inclusive os antropóides mais superiores, da mão do homem, aperfeiçoada pelo tra¬balho durante centenas de milhares de anos. O número e a disposição geral dos ossos e dos músculos são os mesmos no macaco e no homem, mas a mão do selvagem mais primitivo é capaz de executar centenas de operações que não podem ser realizadas pela mão de nenhum macaco. Nenhuma mão simiesa construiu jamais um machado de pedra, por mais tosco que fosse.
Por isso, as funções, para as quais nossos antepassados fo¬ram adaptando pouco a pouco suas mãos durante os muitos milhares de anos em que se prolongam o período de transi¬ção do macaco ao homem, só puderam ser, a princípio, fun¬ções sumamente simples. Os selvagens mais primitivos, inclu¬sive aqueles nos quais se pode presumir o retorno a um es¬tado mais próximo da animalidade, com uma degeneração física simultânea, são muito superiores àqueles seres do pe¬ríodo de transição. Antes de a primeira lasca de sílex ter sido transformada em machado pela mão do homem, deve ter sido transcorrido um período de tempo tão largo que, em com¬paração com ele, o período histórico por nós conhecido tor¬na-se insignificante. Mas já havia sido dado o passo decisivo: a mão era livre e podia agora adquirir cada vez mais destreza e habilidade; e essa maior flexibilidade adquirida transmitia-se por herança e aumentava de geração em geração.
Vemos, pois, que a mão não é apenas o órgão do trabalho; é também produto dele. Unicamente pelo trabalho, pela adap¬tação a novas e novas funções, pela transmissão hereditária do aperfeiçoamento especial assim adquirido pelos músculos e ligamentos e, num período mais amplo, também pelos ossos; unicamente pela aplicação sempre renovada dessas habilida¬des transmitidas a funções novas e cada vez mais complexas foi que a mão do homem atingiu esse grau de perfeição que pôde dar vida, como por artes de magia, aos quadros de Ra¬fael, às estátuas de Thorwaldsen e à música de Paganini.
Mas a mão não era algo com existência própria e indepen¬dente. Era unicamente um membro de um organismo íntegro e sumamente complexo. E o que beneficiava à mão beneficiava também a todo o corpo servido por ela; e o benefi¬ciava em dois aspectos.
Primeiramente, em virtude da lei que Darwin chamou de correlação do crescimento. Segundo essa lei, certas formas das diferentes partes dos seres orgânicos sempre estão liga¬das a determinadas formas de outras partes, que aparente¬mente não têm nenhuma relação com as primeiras. Assim, todos os animais que possuem glóbulos vermelhos sem núcleo e cujo occipital está articulado com a primeira vértebra por meio de dois côndilos, possuem, sem exceção, glândulas ma¬márias para a alimentação de suas crias. Assim também, a úngula fendida de alguns mamíferos está ligada de modo geral à presença de um estômago multilocular adaptado à ruminação. As modificações experimentadas por certas for¬mas provocam mudanças na forma de outras partes do or¬ganismo, sem que estejamos em condições de explicar tal co¬nexão. Os gatos totalmente brancos e de olhos azuis são sem¬pre ou quase sempre surdos. O aperfeiçoamento gradual da mão do homem e a adaptação concomitante dos pés ao an¬dar em posição erecta exerceram indubitavelmente, em vir¬tude da referida correlação, certa influência sobre outras partes do organismo. Contudo, essa ação se acha ainda tão pouco estudada que aqui não podemos senão assinalá-la em termos gerais.
Muito mais importante é a ação direta — possível de ser demonstrada — exercida pelo desenvolvimento da mão sobre o resto do organismo. Como já dissemos, nossos antepassa¬dos simiescos eram animais que viviam em manadas; evi¬dentemente, não é possível buscar a origem do homem, o mais social dos animais, em antepassados imediatos que não vivessem congregados. Em face de cada novo progresso, o domínio sobre a natureza, que tivera início com o desenvol¬vimento da mão, com o trabalho, ia ampliando os horizon¬tes do homem, levando-o a descobrir constantemente nos objetos novas propriedades até então desconhecidas. Por ou¬tro lado, o desenvolvimento do trabalho, ao multiplicar os casos de ajuda mútua e de atividade conjunta, e ao mostrar assim as vantagens dessa atividade conjunta para cada indivíduo, tinha que contribuir forçosamente para agrupar ain¬da mais os membros da sociedade. Em resumo, os homens em formação chegaram a um ponto em que tiveram necessi¬dade de dizer algo uns aos outros. A necessidade criou o ór¬gão: a laringe pouco desenvolvida do macaco foi-se transfor¬mando, lenta mas firmemente, mediante modulações que pro¬duziam por sua vez modulações mais perfeitas, enquanto os órgãos da boca aprendiam pouco a pouco a pronunciar um som articulado após outro.
A comparação com os animais mostra-nos que essa expli¬cação da origem da linguagem a partir do trabalho e pelo trabalho é a única acertada. O pouco que os animais, inclu¬sive os mais desenvolvidos, têm que comunicar uns aos ou¬tros pode ser transmitido sem o concurso da palavra arti¬culada. Nenhum animal em estado selvagem sente-se prejudi¬cado por sua incapacidade de falar ou de compreender a linguagem humana. Mas a situação muda por completo quando o animal foi domesticado pelo homem. O contato com o ho¬mem desenvolveu no cão e no cavalo um ouvido tão sensível à linguagem articulada que esses animais podem, dentro dos limites de suas representações, chegar a compreender qual¬quer idioma. Além disso, podem chegar a adquirir sentimen¬tos antes desconhecidos por eles, como o apego ao homem, o sentimento de gratidão, etc. Quem conheça bem esses ani¬mais dificilmente poderá escapar à convicção de que, em muitos casos, essa incapacidade de falar é experimentada agora por eles como um defeito. Desgraçadamente, esse de¬feito não tem remédio, pois os seus órgãos vocais se acham demasiado especializados em determinada direção. Contudo, quando existe um órgão apropriado, essa incapacidade pode ser superada dentro de certos limites. Os órgãos vocais das aves distinguem-se em forma radical dos do homem e, no entanto, as aves são os únicos animais que podem aprender a falar; e o animal de voz mais repulsiva, o papagaio, é o que melhor fala. E não importa que se nos objete dizendo-nos que o papagaio não sabe o que fala. Claro está que por gosto apenas de falar e por sociabilidade o papagaio pode estar horas e horas repetindo todo o seu vocabulário. Mas, dentro do marco de suas representações, pode chegar também a com¬preender o que diz. Ensinai a um papagaio dizer palavrões (uma das distrações favoritas dos marinheiros que regres¬sam das zonas quentes) e vereis logo que se o irritardes ele fará uso desses palavrões com a mesma correção de qualquer verdureira de Berlim. E o mesmo ocorre com o pedido de gulodices.
Primeiro o trabalho, e depois dele e com ele a palavra ar¬ticulada, foram os dois estímulos principais sob cuja influ¬ência o cérebro do macaco foi-se transformando gradualmen¬te em cérebro humano — que, apesar de toda sua semelhança, supera-o consideravelmente em tamanho e em perfeição. E à medida em que se desenvolvia o cérebro, desenvolviam-se também seus instrumentos mais imediatos: os órgãos dos sentidos. Da mesma maneira que o desenvolvimento gradual da linguagem está necessariamente acompanhado do corres¬pondente aperfeiçoamento do órgão do ouvido, assim tam¬bém o desenvolvimento geral do cérebro está ligado ao aper¬feiçoamento de todos os Órgãos dos sentidos. A vista da águia tem um alcance muito maior que a do homem, mas o olho humano percebe nas coisas muitos mais detalhes que o olho da águia. O cão tem um olfato muito mais fino que o do homem, mas não pode captar nem a centésima parte dos odores que servem ao homem como sinais para distin¬guir coisas diversas. E o sentido do tato, que o macaco possui a duras penas na forma mais tosca e primitiva, foi-se desen¬volvendo unicamente com o desenvolvimento da própria mão do homem, através do trabalho¬.
O desenvolvimento do cérebro e dos sentidos a seu ser¬viço, a crescente clareza de consciência, a capacidade de abstração e de discernimento cada vez maiores, reagiram por sua vez sobre o trabalho e a palavra, estimulando mais e mais o seu desenvolvimento. Quando o homem se separa de¬finitivamente do macaco esse desenvolvimento não cessa de modo algum, mas continua, em grau diverso e em diferen¬tes sentidos entre os diferentes povos e as diferentes épocas, interrompido mesmo às vezes por retrocessos de caráter local ou temporário, mas avançando em seu conjunto a gran¬des passos, consideravelmente impulsionado e, por sua vez, orientado em um determinado sentido por um novo elemen¬to que surge com o aparecimento do homem acabado: a so¬ciedade.
Foi necessário, seguramente, que transcorressem centenas de milhares de anos — que na história da Terra têm uma importância menor que um segundo na vida de um homem — antes que a sociedade humana surgisse daquelas manadas de macacos que trepavam pelas árvores. Mas, afinal, surgiu. E que voltamos a encontrar como sinal distintivo entre a ma¬nada de macacos e a sociedade humana? Outra vez, o tra¬balho. A manada de macacos contentava-se em devorar os alimentos de uma área que as condições geográficas ou a resistência das manadas vizinhas determinavam. Transpor¬tava-se de um lugar para outro e travava lutas com outras manadas para conquistar novas zonas de alimentação; mas era incapaz de extrair dessas zonas mais do que aquilo que a natureza generosamente lhe oferecia, se excetuarmos a ação inconsciente da manada ao adubar o solo com seus excre¬mentos. Quando foram ocupadas todas as zonas capazes de proporcionar alimento, o crescimento da população simiesca tornou-se já impossível; no melhor dos casos o número de seus animais mantinha-se no mesmo nível Mas todos os ani¬mais são uns grandes dissipadores de alimentos; além dis¬so, com freqüência, destroem em germe a nova geração de reservas alimentícias. Diferentemente do caçador, o lobo não respeita a cabra montês que lhe proporcionaria cabritos no ano seguinte; as cabras da Grécia, que devoram os jovens arbustos antes de poder desenvolver-se, deixaram nuas todas as montanhas do pais. Essa “exploração rapace” levada a efeito pelos animais desempenha um grande papel na trans¬formação gradual das espécies, ao obrigá-las a adaptar-se a alimentos que não são os habituais para elas, com o que muda a composição química de seu sangue e se modifica to¬da a constituição física do animal; as espécies já plasmadas desaparecem. Não há dúvida de que essa exploração rapace contribuiu em alto grau para a humanização de nossos antepassados, pois ampliou o número de plantas e as partes das plantas utilizadas na alimentação por aquela raça de macacos que superava todas as demais em inteligência e em capaci¬dade de adaptação. Em uma palavra, a alimentação, cada vez mais variada, oferecia ao organismo novas e novas substân¬cias, com o que foram criadas as condições químicas para a transformação desses macacos em seres humanos. Mas tu¬do isso não era trabalho no verdadeiro sentido da palavra. O trabalho começa com a elaboração de instrumentos. E que representam os instrumentos mais antigos, a julgar pelos restos que nos chegaram dos homens pré-históricos, pelo gê¬nero de vida dos povos mais antigos registrados pela história, assim como pelo dos selvagens atuais mais primitivos? São instrumentos de caça e de pesca, sendo os primeiros utiliza¬dos também como armas. Mas a caça e a pesca pressupõem a passagem da alimentação exclusivamente vegetal à alimen¬tação mista, o que significa um novo passo de sua importân¬cia na transformação do macaco em homem. A alimentação cárnea ofereceu ao organismo, em forma quase acabada, os ingredientes mais essenciais para o seu metabolismo. Desse modo abreviou o processo da digestão e outros processos da vida vegetativa do organismo (isto é, os processos análogos ao da vida dos vegetais), poupando, assim, tempo, materiais e estímulos para que pudesse manifestar-se ativamente a vida propriamente animal. E quanto mais o homem em formação se afastava do reino vegetal, mais se elevava sobre os animais. Da mesma maneira que o hábito da alimentação mista con¬verteu o gato e o cão selvagens em servidores do homem, assim também o hábito de combinar a carne com a alimen¬tação vegetal contribuiu poderosamente para dar força fí¬sica e independência ao homem em formação. Mas onde mais se manifestou a influência da dieta cárnea foi no cé¬rebro, que recebeu assim em quantidade muito maior do que antes as substâncias necessárias à sua alimentação e desenvolvimento, com o que se foi tomando maior e mais rápido o seu aperfeiçoamento de geração em geração. Deve¬mos reconhecer — e perdoem os senhores vegetarianos — que não foi sem ajuda da alimentação cárnea que o homem chegou a ser homem; e o fato de que, em uma ou outra época da história de todos os povos conhecidos, o emprego da carne na alimentação tenha chegado ao canibalismo (ainda no século X os antepassados dos berlinenses, os veletabos e os viltses, devoravam os seus progenitores) é uma questão que não tem hoje para nós a menor importância.
O consumo de carne na alimentação significou dois novos avanços de importância decisiva: o uso do fogo e a domes¬ticação dos animais. O primeiro reduziu ainda mais o pro¬cesso da digestão, já que permitia levar a comida à boca, como se disséssemos, meio digerida; o segundo multiplicou as reservas de carne, pois agora, ao lado da caça, proporcio¬nava uma nova fonte para obtê-la em forma mais regular. A domesticação de animais também proporcionou, com o leite e seus derivados, um novo alimento, que era pelo menos do mesmo valor que a carne quanto à composição. Assim, esses dois adiantamentos converteram-se diretamente para o ho¬mem em novos meios de emancipação. Não podemos deter¬-nos aqui em examinar minuciosamente suas conseqüências.
O homem, que havia aprendido a comer tudo o que era comestível, aprendeu também, da mesma maneira, a viver em qualquer clima. Estendeu-se por toda a superfície habitável da Terra, sendo o único animal capaz de fazê-lo por inicia¬tiva própria. Os demais animais que se adaptaram a todos os climas — os animais domésticos e os insetos parasitas —não o conseguiram por si, mas unicamente acompanhando o homem. E a passagem do clima uniformemente cálido da pátria original para zonas mais frias, onde o ano se dividia em verão e inverno, criou novas exigências, ao obrigar o ho¬mem a procurar habitação e a cobrir seu corpo para prote¬ger-se do frio e da umidade. Surgiram assim novas esferas de trabalho, e com elas novas atividades, que afastaram ainda mais o homem dos animais.
Graças à cooperação da mão, dos órgãos da linguagem e do cérebro, não só em cada indivíduo, mas também na socieda¬de, os homens foram aprendendo a executar operações cada vez mais complexas, a propor-se e alcançar objetivos cada vez mais elevados. O trabalho mesmo se diversificava e aperfeiçoava de geração em geração, estendendo-se cada vez a novas atividades. A caça e à pesca veio juntar-se a agricul¬tura, e mais tarde a fiação e a tecelagem, a elaboração de metais, a olaria e a navegação. Ao lado do comércio e dos ofícios apareceram, finalmente, as artes e as ciências; das tri¬bos saíram as nações e os Estados. Apareceram o direito e a política, e com eles o reflexo fantástico das coisas no cé¬rebro do homem: a religião. Frente a todas essas criações, que se manifestavam em primeiro lugar como produtos do cérebro e pareciam dominar as sociedades humanas, as pro¬duções mais modestas, fruto do trabalho da mão, ficaram relegadas a segundo plano, tanto mais quanto numa fase mui¬to recuada do desenvolvimento da sociedade (por exemplo, já na família primitiva), a cabeça que planejava o trabalho já era capaz de obrigar mãos alheias a realizar o trabalho projetado por ela. O rápido progresso da civilização foi atribuído exclusivamente à cabeça, ao desenvolvimento e à ati¬vidade do cérebro. Os homens acostumaram-se a explicar seus atos pelos seus pensamentos, em lugar de procurar essa ex¬plicação em suas necessidades (refletidas, naturalmente, na cabeça do homem, que assim adquire consciência delas). Foi assim que, com o transcurso do tempo, surgiu essa concep¬ção idealista do mundo que dominou o cérebro dos homens, sobretudo a partir do desaparecimento do mundo antigo, e continua ainda a dominá-lo, a tal ponto que mesmo os natu¬ralistas da escola darwiniana mais chegados ao materialismo são ainda incapazes de formar uma idéia clara acerca da origem do homem, pois essa mesma influência idealista lhes impede de ver o papel desempenhado aqui pelo trabalho.
Os animais, como já indicamos de passagem, também mo¬dificam com sua atividade a natureza exterior, embora não no mesmo grau que o homem; e essas modificações provo¬cadas por eles no meio ambiente repercutem, como vimos, em seus causadores, modificando-os por sua vez. Nada ocorre na natureza em forma isolada. Cada fenômeno afeta a outro, e é por seu turno influenciado por este; e é em geral o es. esquecimento desse movimento e dessa interação universal o que impede a nossos naturalistas perceber com clareza as coisas mais simples. Já vimos como as cabras impediram o reflorestamento dos bosques na Grécia; em Santa Helena, as cabras e os porcos desembarcados pelos primeiros nave¬gantes chegados à ilha exterminaram quase por completo a vegetação ali existente, com o que prepararam o terreno para que pudessem multiplicar-se as plantas levadas mais tarde por outros navegantes e colonizadores. Mas a influência du¬radoura dos animais sobre a natureza que os rodeia é intei¬ramente involuntária e constitui, no que se refere aos ani¬mais, um fato acidental. Mas, quanto mais os homens se afastam dos animais, mais sua influência sobre a natureza adquire um caráter de uma ação intencional e planejada, cujo fim é alcançar objetivos projetados de antemão. Os ani¬mais destroçam a vegetação do lugar sem dar-se conta do que fazem. Os homens, em troca, quando destroem a vegeta¬ção o fazem com o fim de utilizar a superfície que fica livre para semear trigo, plantar árvores ou cultivar a videira, conscientes de que a colheita que irão obter superará várias ve¬zes o semeado por eles. O homem traslada de um pais para outro plantas úteis e animais domésticos, modificando assim a flora e a fauna de continentes inteiros. Mais ainda: as plan¬tas e os animais, cultivadas aquelas e criados estes em con¬dições artificiais, sofrem tal influência da mão do homem que se tornam irreconhecíveis. Não foram até hoje encontra¬dos os antepassados silvestres de nossos cultivos cerealistas. Ainda não foi resolvida a questão de saber qual o animal que deu origem aos nossos cães atuais, tão diferentes uns de outros, ou às atuais raças de cavalos, também tão numerosos. Ademais, compreende-se de logo que não temos a intenção de negar aos animais a faculdade de atuar em forma planifi¬cada, de um modo premeditado. Ao contrário, a ação plani¬ficada existe em germe onde quer que o protoplasma — a al¬bumina viva — exista e reaja, isto é, realize determinados movimentos, embora sejam os mais simples, em resposta a determinados estímulos do exterior. Essa reação se produz, não digamos já na célula nervosa, mas inclusive quando ain¬da não há célula de nenhuma espécie. O ato pelo qual as plantas insetívoras se apoderam de sua presa aparece tam¬bém, até certo ponto, como um ato planejado, embora se realize de um modo totalmente inconsciente. A possibilidade de realizar atos conscientes e premeditados desenvolve-se nos animais em correspondência com o desenvolvimento do sis¬tema nervoso e adquire já nos mamíferos um nível bastante elevado. Durante as caçadas organizadas na Inglaterra pode-se observar sempre a infalibilidade com que a raposa utiliza seu perfeito conhecimento do lugar para ocultar-se aos seus perse¬guidores, e como conhece e sabe aproveitar muito bem todas as vantagens do terreno para despistá-los. Entre nossos animais domésticos, que chegaram a um grau mais alto de desenvolvimento graças à sua convivência com o homem po¬dem ser observados diariamente atos de astúcia, equipará¬veis aos das crianças, pois do mesmo modo que o desenvolvi¬mento do embrião humano no ventre materno é uma réplica abreviada de toda a história do desenvolvimento físico se¬guido através de milhões de anos pelos nossos antepassados do reino animal, a partir do estado larval, assim também o desenvolvimento espiritual da criança representa uma ré¬plica, ainda mais abreviada, do desenvolvimento intelctual desses mesmos antepassados, pelo menos dos mais próximos. Mas nem um só ato planificado de nenhum animal pôde im¬primir na natureza o selo de sua vontade. Só o homem pôde fazê-lo.
Resumindo: só o que podem fazer os animais é utilizar a natureza e modificá-la pelo mero fato de sua presença nela. O homem, ao contrário, modifica a natureza e a obriga a ser¬vir-lhe, domina-a. E ai está, em última análise, a diferença es¬sencial entre o homem e os demais animais, diferença que, mais uma vez, resulta do trabalho.
Contudo, não nos deixemos dominar pelo entusiasmo em face de nossas vitórias sobre a natureza. Após cada uma des¬sas vitórias a natureza adota sua vingança. É verdade que as primeiras conseqüências dessas vitórias são as previstas por nós, mas em segundo e em terceiro lugar aparecem conseqüências muito diversas, totalmente imprevistas e que, com freqüência, anulam as primeiras. Os homens que na Meso¬potâmia, na Grécia, na Ásia Menor e outras regiões devasta¬vam os bosques para obter terra de cultivo nem sequer po¬diam imaginar que, eliminando com os bosques os centros de acumulação e reserva de umidade, estavam assentando as bases da atual aridez dessas terras. Os italianos dos Alpes, que destruíram nas encostas meridionais os bosques de pinhei¬ros, conservados com tanto carinho nas encostas setentrionais, não tinham idéia de que com isso destruíam as raízes da indús¬tria de laticínios em sua região; e muito menos podiam prever que, procedendo desse modo, deixavam a maior parte do ano secas as suas fontes de montanha, com o que lhes permitiam, chegado o período das chuvas, despejar com maior fúria suas torrentes sobre a planície. Os que difundiram o cultivo da batata na Europa não sabiam que com esse tubérculo fari¬náceo difundiam por sua vez a escrofulose. Assim, a cada passo, os fatos recordam que nosso domínio sobre a natureza não se parece em nada com o domínio de um conquistador sobre o povo conquistado, que não é o domínio de alguém situado fora da natureza, mas que nós, por nossa carne, nosso sangue e nosso cérebro, pertencemos à natureza, encontra¬mo-nos em seu seio, e todo o nosso domínio sobre ela con¬siste em que, diferentemente dos demais seres, somos capa¬zes de conhecer suas leis e aplicá-las de maneira adequada.
Com efeito, aprendemos cada dia a compreender melhor as leis da natureza e a conhecer tanto os efeitos imediatos como as conseqüências remotas de nossa intromissão no curso na¬tural de seu desenvolvimento. Sobretudo depois dos grandes progressos alcançados neste século pelas ciências naturais, estamos em condições de prever e, portanto, de controlar cada vez melhor as remotas conseqüências naturais de nos¬sos atos na produção, pelo menos dos mais correntes. E quan¬to mais isso seja uma realidade, mais os homens sentirão e compreenderão sua unidade com a natureza, e mais inconcebível será essa idéia absurda e antinatural da antítese entre o espírito e a matéria, o homem e a natureza, a alma e o corpo, idéia que começa a difundir-se pela Europa sobre a base da decadência da antigüidade clássica e que adquire seu má¬ximo desenvolvimento no cristianismo.
Mas, se foram necessários milhares de anos para que o ho¬mem aprendesse, em certo grau, a prever as remotas conseqüências naturais no sentido da produção, muito mais lhe custou aprender a calcular as remotas conseqüências sociais desses mesmos atos. Falamos acima da batata e de seus efeitos quanto à difusão da escrofulose. Mas que importância pode ter a escrofulose, comparada com os resultados que teve a redução da alimentação dos trabalhadores a batatas puramente sobre as condições de vida das massas do povo de países inteiros, com a fome que se estendeu em 1847 pela Ir¬landa em conseqüência de uma doença provocada por esse tubérculo e que levou à sepultura um milhão de irlandeses que se alimentavam exclusivamente, ou quase exclusivamente, de batatas e obrigou a que emigrassem para além-mar outros dois milhões? Quando os árabes aprenderam a distilar o ál¬cool, nem sequer ocorreu-lhes pensar que haviam criado uma das armas principais com que iria ser exterminada a popula¬ção indígena do continente americano, então ainda desconhe¬cido. E quando mais tarde Colombo descobriu a América não sabia que ao mesmo tempo dava nova vida à escravidão, há muito tempo desaparecida na Europa, e assentado as bases do tráfico dos negros. Os homens que nos séculos XVII e XVIII haviam trabalhado para criar a máquina a vapor não suspeitavam de que estavam criando um instrumento que, mais do que nenhum outro, haveria de subverter as condi¬ções sociais em todo o mundo e que, sobretudo na Europa, ao concentrar a riqueza nas mãos de uma minoria e ao pri¬var de toda propriedade a imensa maioria da população, ha¬veria de proporcionar primeiro o domínio social e político à burguesia, e provocar depois a luta de classe entre a bur¬guesia e o proletariado, luta que só pode terminar com a li¬quidação da burguesia e a abolição de todos os antagonismos de classe. Mas também aqui, aproveitando uma experiência ampla, e às vezes cruel, confrontando e analisando os mate¬riais proporcionados pela história, vamos aprendendo pouco a pouco a conhecer as conseqüências sociais indiretas e mais remotas de nossos atos na produção, o que nos permite esten¬der também a essas conseqüências o nosso domínio e o nosso controle.
Contudo, para levar a termo esse controle é necessário algo mais do que o simples conhecimento. É necessária uma revo¬lução que transforme por completo o modo de produção exis¬tente até hoje e, com ele, a ordem social vigente.
Todos os modos de produção que existiram até o presente só procuravam o efeito útil do trabalho em sua forma mais direta e Imediata. Não faziam o menor caso das conseqüências remotas, que só surgem mais tarde e cujos efeitos se manifestam unicamente graças a um processo de repetição e acumulação gradual. A primitiva propriedade comunal da terra correspondia, por um lado, a um estádio de desenvol¬vimento dos homens no qual seu horizonte era limitado, em geral, às coisas mais imediatas, e pressupunha, por outro la¬do, certo excedente de terras livres, que oferecia determinada margem para neutralizar os possíveis resultados adversos dessa economia primitiva. Ao esgotar-se o excedente de terras livres, começou a decadência da propriedade comunal. Todas as formas mais elevadas de produção que vieram de¬pois conduziram à divisão da população em classes diferen¬tes e, portanto, no antagonismo entre as classes dominantes e as classes oprimidas. Em conseqüência, os interesses das classes dominantes converteram-se no elemento propulsor da produção, enquanto esta não se limitava a manter, bem ou mal, a mísera existência dos oprimidos. Isso encontra sua expressão mais acabada no modo de produção capitalista, que prevalece hoje na Europa ocidental. Os capitalistas indi¬viduais, que dominam a produção e a troca, só podem ocu¬par-se da utilidade mais imediata de seus atos. Mais ainda: mesmo essa utilidade — porquanto se trata da utilidade da mercadoria produzida ou trocada — passa inteiramente ao segundo plano, aparecendo como único incentivo o lucro ob¬tido na venda
* * *
A ciência social da burguesia, a economia política clássica, só se ocupa preferentemente daquelas conseqüências sociais que constituem o objetivo imediato dos atos realizados pelos homens na produção e na troca. Isso corresponde plenamen¬te ao regime social cuja expressão teórica é essa ciência. Porquanto os capitalistas isolados produzem ou trocam com o único fim de obter lucros imediatos, só podem ser levados em conta, primeiramente, os resultados mais próximos e mais imediatos. Quando um industrial ou um comerciante vende a mercadoria produzida ou comprada por ele e obtém o lucro habitual, dá-se por satisfeito e não lhe interessa de maneira alguma o que possa ocorrer depois com essa mercadoria e seu comprador. O mesmo se verifica com as conseqüências naturais dessas mesmas ações. Quando, em Cuba, os planta¬dores espanhóis queimavam os bosques nas encostas das montanhas para obter com a cinza um adubo que só lhes permitia fertilizar uma geração de cafeeiros de alto rendi¬mento pouco lhes importava que as chuvas torrenciais dos trópicos varressem a camada vegetal do solo, privada da pro¬teção das arvores, e não deixassem depois de si senão ro¬chas desnudas! Com o atual modo de produção, e no que se refere tanto às conseqüências naturais como às conseqüência sociais dos atos realizados pelos homens, o que interessa prioritariamente são apenas os primeiros resultados, os mais palpáveis. E logo até se manifesta estranheza pelo fato de as conseqüências remotas das ações que perseguiam esses fins serem multo diferentes e, na maioria dos casos, até diametralmente opostas; de a harmonia entre a oferta e a procura converter-se em seu antípoda, como nos demonstra o curso de cada um desses ciclos industriais de dez anos, e como puderam convencer-se disso os que com o “crack” viveram na Alemanha um pequeno prelúdio; de a propriedade pri¬vada baseada no trabalho próprio converter-se necessaria¬mente, ao desenvolver-se, na ausência de posse de toda propriedade pelos trabalhadores, enquanto toda a riqueza se concentra mais e mais nas mãos dos que não trabalham; de [...]
Escrito por Engels em 1876. Publicado pela primeira vez em 1896 em Neue Zeit. Publica-se segundo com a edição soviética de 1952, de acordo com o manuscrito, em alemão. Traduzido do espanhol.
Fichamentos dos alunos sobre o texto de Engels:
SOBRE O PAPEL DO TRABALHO NA TRANSFORMAÇÃO DO HOMEM EM MACACO.
Por Alexandra Kader
A comparação com o macaco é feita, pois dentre os animais, é o que mais se parece com o ser humano, tanto na aparência e evolução. Estudos históricos comprovam que nós seres humanos somos a evolução do ser primata.
Segundo Engels, a raça que viveu a milhares de anos, num período terciário de desenvolvimento da terra, em um continente que talvez hoje já não exista mais, era os antropomorfos, uma raça extremamente desenvolvida. A necessidade de usar as mãos para se obter e pegar alimentos e até mesmo se apoiar, tornou-se o órgão de trabalho, criando a agilidade e agilidade em fabricar e manusear instrumentos para cortar alimentos ou quebrar. Darwin chama de correlação do crescimento, que quer dizer que um órgão esta ligado ao outro, e que as mãos fazem o trabalho para que outras partes do corpo se beneficiem.E com esse desenvolvimento das mãos e do trabalho, foi-se desenvolvendo também a forma de andar do homem primitivo, que começou a andar com a postura mais erecta para que também pudesse alcançar lugares mais altos para tirarem os frutos das árvores.
Viviam em manadas e faziam atividades em conjunto, e sua formação chegou a tal ponto que começou a se criar uma grande necessidade de se comunicar. Primeiro o trabalho, depois as palavras articuladas e o cérebro foi se transformando em humano, e junto com ele outros órgãos do corpo começaram a se desenvolver. A alimentação também influenciou para o desenvolvimento dos órgãos e cérebro. Eram povos nômades, mas com a escassez dos alimentos, começaram a plantar, a adubar o solo para dele garantir o alimento, também a criação de animais em cativeiro. O homem começou a modificar a natureza e a fazer com que ela o servisse
“O homem, que havia aprendido a comer tudo que era comestível, aprendeu também da mesma maneira, a viver em qualquer clima.” Essa evolução levou milhares de anos, em diferentes povos e diferentes épocas, criando assim a sociedade.
O trabalho começou com a elaboração dos instrumentos de caça e pesca, sendo utilizados também como armas para se defenderem dos animais e mais tarde, em instrumentos de guerra. Surgiu então o comercio, primeiramente com o escambo, que era a troca de alimentos e objetos, depois a criação do dinheiro, e a compra e venda. Essa evolução remota trouxe conseqüências sociais extremas, provocando diferenças nas classes sociais. O crescimento desordenado, a falta de alimento, o desemprego, e as doenças levou a sepultura um milhão de Irlandeses em 1847.
Todo esse desenvolvimento desordenado o abuso de poder gerou as diferenças de classes sociais. Os senhores e escravos, os senhores feudais e o feudo, os grandes empresários e os proletariados. E com isso a necessidade de se criarem leis para evitar abusos e proteger o mais fraco. “às conseqüências naturais às conseqüência sociais dos atos realizados pelos homens, nunca foi um dos fatores que preocupassem muito a sociedade, por isso houve a necessidade de se criarem leis que pusessem ordem e limites aos seus atos”.
ENGELS. Sobre o papel do Trabalho na Transformação do Homem em Macaco.
Por Bárbara Gehm Nunes
O trabalho é a condição fundamental para a vida humana, de tal ponto que o autor afirma que o trabalho que criou o próprio homem. Há milhares de anos havia uma raça de macacos muito desenvolvidos, Darwin descreve que eles tinham barba, eram cobertos de pêlos, orelhas pontiagudas e viviam em árvores, era a raça denominada de antropomorfos.
Como esses macacos usavam as mãos para atividades distintas que os pés, as mãos eram usadas para colher e sustentar os alimentos, alguns macacos usavam as mãos para construírem ninhos e os chipanzés construíram tipos de telhados em árvores para se protegerem do mau tempo, também as mãos eram usadas para se defenderem dos inimigos, muitas vezes jogando frutos e pedras, devido às atividades distintas dos pés, eles começaram a usar cada vez mais a posição ereta, transitando assim do macaco para o homem, hoje em dia todos os macacos dessa raça podem permanecer de forma ereta, porem fazem isso em algumas circunstancias.
No começo as funções com as mãos eram simples e vagarosas, com o tempo foi se adquirindo maior habilidade e flexibilidade. Percebemos assim, que as mãos foram um fruto do trabalho, pois devido a ele que ela foi se desenvolvendo e se adaptando cada vez mais, sendo capaz de tantos projetos artísticos e infinitos trabalhos manuais.
Segundo a lei de Darwin a função das mãos e a função que os pés adquiriram com essas transformações do tempo, são relacionadas às funções que todo o corpo adquiriu com essas mudanças, sendo assim, elas estão interligadas.
Nossos antepassados viviam em grupos, por serem seres sociais e desenvolverem o trabalho chegaram a um ponto que precisavam se comunicar melhor, surgindo assim alguns órgãos como a laringe e a boca foi fazendo sons aos poucos. Assim, o texto fala que a origem da linguagem foi devido ao trabalho pela sua necessidade de comunicação.
O contato do homem com alguns animais como o cachorro e o cavalo, desenvolveu neles um ouvido tão sensível devido a nossa linguagem que são capazes de entenderem qualquer idioma, assim como sentimentos como o apego ao homem. As aves são os únicos animais que podem aprender a falar como o papagaio, achamos muitas vezes que eles na sabem o que estão falando, porém o autor diz, que se ensinarmos palavrões a eles, com certeza quando os irritarmos eles irão nos responder com os palavrões.
O cérebro dos macacos foi se transformando em cérebro humano com o trabalho e com a linguagem, assim gradualmente foram se aperfeiçoando todos os outros órgãos de sentidos, essas transformações que aos poucos foram ocorrendo deram origem a sociedade.
A alimentação cada vez mais variada ofereceu ao organismo dos macacos novas substâncias, isso possibilitou a transformação dos macacos em seres humanos.
O trabalho começou com a elaboração de instrumentos para caça e pesca, sendo utilizados também como armas, o homem começou a se alimentar também de carne, que ofereceu ao organismo um novo modo de digestão, quanto mais os homens se afastavam da alimentação vegetal mais estavam elevados em relação aos animais, a carne afeta diretamente ao cérebro sendo este um fator importante para a transformação do animal em ser humano.
Devido o uso da carne houve a necessidade do fogo e também da domesticação dos animais, da segunda surgiram novos alimentos como o leite e seus derivados. O homem aprendeu a viver em diversos climas, com isso surgiu à necessidade de usar roupas para se protegerem do frio, surgindo assim, mais um novo modo de trabalho, afastando cada vez mais o animal do homem.
A necessidade de adequação do homem ao que ele estava vivendo, fez com que ele executasse operações cada vez mais complexas, surgindo assim, a religião, política, direito entre outros, progredindo cada vez mais socialmente.
Quanto mais o homem se distingui dos outros animais, mais as intenções que influenciam na natureza são propositais, de forma planejada para alcançar um objetivo futuro, como a urbanização. Os animais e plantas também se desenvolvem, porém nenhum deles tem a vontade de transformar-se apenas o homem, e este influencia nas transformações da natureza fazendo com ela o sirva de diversas formas.
Contudo a dominação que o homem tem perante a natureza não é total, pois demonstra que apesar de nos servir dependemos dela para vivermos, vemos isso hoje em dia com as mudanças de temperatura entre outras mudanças naturais e como sofremos com isso, devido as nossas atitudes.
O autor fala que temos a capacidade de entender as leis da natureza por sermos seres mais avançados, e que a natureza e o ser humano é uma unidade. Aos poucos vamos percebendo as causas e conseqüências de nossos atos e nossas criações, compreendendo assim o domínio que temos sobre as coisas.
Todos os modos de produção que criamos, procuraram ter efeito útil para nossa vida, não tínhamos ideia das conseqüências que isso traria, só tivemos essa visão com a repetição dos atos.
Foram surgindo novas classes sociais presentes até hoje, que no momento surgiu como necessidade de algumas pessoas, estas que não tinham consciência do que futuramente traria para a sociedade, a mesma coisa como venda e compra de um produto, o comerciante vende e fica satisfeito pela venda, mas não pensa nas conseqüências que o produto pode trazer para quem o compra, o que interessa realmente são os primeiros resultados.
Sobre o Papel do Trabalho na Transformação do Homem em Macaco.
Por Joana Pazinatto
Engels primeiramente confirma que o trabalho criou o homem, ou seja, seu jeito de ser, de viver. Milhares de anos atrás em algum lugar, nas redondezas do Oceano Pacífico, vivia uma raça de macacos antropomorfos, totalmente coberto de pêlos, tinham barbas, orelhas pontiagudas, viviam nas árvores e formavam mamadas. Como necessitavam mais das mãos para desempenhar suas funções, como subir nas árvores, foram se acostumando a usá-las, também ao caminhar pelo chão, e com isso iniciando assim uma postura mais ereta. Podendo, no entanto, permanecer na posição totalmente ereta, sobre seus pés, mas o faziam só em casos de extrema necessidade , e em enorme lentidão.
A mão para eles era de suma importância, tanto para se locomover, como para se alimentar, pois eram com elas que colhiam os alimentos para suprir suas necessidades. O número e as disposições dos ossos e dos músculos são os mesmos no macaco e no homem, mas a mão do selvagem mais primitivo é capaz de exercer centenas de operações que não podem ser realizadas pelas mãos de nenhum outro macaco. Por isso, as funções, para as quais os antepassados foram se adaptando só puderam ser a princípio, sumamente simples. Ou seja, a mão era livre, e podia adquirir cada vez mais a destreza e habilidade, e isso transmitia por geração e geração. A mão beneficiava alguns aspectos, primeiramente, conforme a lei de Darwin, chamada correlação de crescimentos, certas formas das diferentes partes dos seus órgãos, sempre estão ligados a determinadas formas de outras partes. Com o tempo, algumas modificações no corpo, provocaram também mudanças na forma de outras partes do organismo.
Com o desenvolvimento do corpo do macaco, e este o domínio sobre a natureza, fez com que descobrisse novos horizontes nos objetos diante dos trabalhos realizados. E como viviam em mamadas, começaram a se multiplicar assim, os casos de ajuda mútua e de atividades conjuntas, e dessa forma cada indivíduo tinha que contribuir forçosamente para agrupar mais os membros da sociedade. Chegando à necessidade de se comunicar uns aos outros, criando assim um órgão: a laringe, que aos poucos foi se desenvolvendo mais e mais, concluindo disto que a linguagem entre estes, iniciou- se também a partir do trabalho. A situação mudou, quando o homem passou a domesticar os animais. Este contato fez com quem o ouvido destes se tornasse mais sensíveis, compreendendo então sentidos até então desconhecido.
Primeiro o trabalho, e depois dele e com ele a palavra articulada, foram estes os estímulos principais sob cuja influência o cérebro do macaco foi-se transformando em cérebro humano, e também juntos destes, o aperfeiçoamento de todos os demais órgãos de sentido. O desenvolvimento destes reagiu por sua vez sobre o trabalho, estimulando cada vez mais. O macaco passou a explorar alimentos não antes conhecidos, essa exploração conhecida como “exploração rapace”, mudando assim a composição química de seu sangue. Essa mudança contribuiu bastante na humanização dos nossos antepassados. Mas tudo isso, não era trabalho em seu verdadeiro sentido. O trabalho começou com a elaboração de instrumentos, para pesca e caça, e disto mudou- se ainda mais a alimentação, dando mais força física e desenvolvimento metal ainda maior, tornando seu aperfeiçoamento melhor. O consumo de carne significou um avanço essencial no seu desenvolvimento, como o uso do fogo e a domesticação de animais. O homem havia aprendido a comer tudo que era comestível, e também a viver em qualquer clima. Onde existiam diferentes climas, o homem sentia necessidade de procurar abrigo para proteger-se. Surgindo assim novas esferas de trabalhos, aprendendo então, a executar operações cada vez mais complexas. A caça e a pesca juntaram-se com a agricultura, a fiação, a tecelagem, a elaboração de metais, a olaria e a navegação. E disso tudo apareceu à arte as ciências, das tribos surgiram às nações e os Estados, apareceram também o direito, a política e a religião.
Aos poucos o homem foi se distanciando dos animais, mas seu domínio sobre a natureza aumentava cada vez mais. Através do trabalho existe uma diferença entre o homem e os demais animais. Os animais só podem utilizar a natureza e modificá-la pelo mero fato de sua presença nela. Já o homem, modifica a natureza e a obriga a servir-lhe, dominando-a. Este domínio sobre a natureza levou, depois de anos, a modificá-la totalmente em alguns lugares, mudanças como passagens de terras férteis, a improdutivas, secagem de lagos devido às secas, chuvas torrenciais, etc. Fazendo isso, com que o homem passasse a conhecer mais o processo, e os efeitos da natureza. Foram milhares de anos para que o homem apreendesse prever as conseqüências naturais devido à produção.
Foi necessária uma evolução que transformou por completo o modo de produção existente até hoje. Todos os modos de produção só procuravam o efeito útil do trabalho em sua forma direta e imediata. As terras no início eram livres, de comum uso, aos pouco foram se esgotando e começou a decadência destas, conduzindo assim a divisão da população em classes diferentes, e, portanto surgindo as classes dominantes e as classes oprimidas. Levando isso a iniciar os interesses das classes dominantes, que começaram a dominar a produção e a troca de produtos, surgindo assim o lucro sobre os produtos, este lucro era a única conseqüência imediata do trabalho que mais importava para essa classe.
SOBRE O PAPEL DO TRABALHO NA TRANSFORMAÇÃO DO HOMEM EM MACACO
Por Rodrigo Correia
Através da necessidade do ser humano executar atividades cada vez mais complexas, há centena de milhares de anos, o homem vem sofrendo modificações em seus hábitos e estrutura corporal, bem como, seu cérebro que supera em tamanho e perfeição qualquer primata. O ser que vivia em manadas, usufruindo apenas o que a natureza proporcionava, e que isso era razão de disputa entre grupos desses primitivos, esse mesmo ser evoluiu. A mão do homem que é a mesma em número, disposição geral dos ossos e dos músculos no macaco, que pouco a pouco foi se adaptando as necessidades do ser, construiu um machado de pedras, podemos observar que por mais primitivo e próximo a animalidade, este ser é muito superior àqueles seres do período de transição entre o macaco e homem. Podemos dizer que é o trabalho que modifica o homem, pois este é um ser dotado de habilidades as quais esta sempre renovando para adequar com sua necessidade cotidiana. O resultado de novas descobertas fez com que “ao multiplicar os casos de ajuda mútua e de atividade conjunta”, criou a necessidade dos seres humanos ampliarem a maneira de se comunicar. Assim surgiu uma forma muito eficiente de comunicação, a fala. Aliado ao trabalho e a palavra articulada fez do homem primitivo que tinha cérebro de macaco evoluir, e foi-se transformando gradualmente em cérebro humano. As várias evoluções que o primata teve até a forma que é hoje (humano) uma descoberta, uma evolução ou adaptação levou a outras maneiras de aperfeiçoar e isso foi de geração em geração. Por exemplo, “o consumo de carne na alimentação significou dois novos avanços de importância decisiva: o uso do fogo e a domesticação dos animais.”
A grande diferença entre o homem e os animais esta que os animais usufruem a natureza, e a modificam pelo fato de sua utilização, sua mera presença sobre ela. “Ao contrário, o homem, modifica a natureza e a obriga a servir-lhe, domina-a.” Isso é resultado do trabalho. Mas o homem ao modificar a natureza em razão do trabalho analisa apenas conseqüências imediatas, por exemplo, “os italianos dos Alpes, que destruíram nas encostas meridionais os bosques de pinheiros, conservados com tanto carinho nas encostas setentrionais, não tinham idéia de como isso destruíam as raízes da industria de laticínio em sua região; e muito menos podiam prever que, procedendo desse modo, deixavam a maior parte do ano secas as suas fontes de montanha, com o que permitiam, chegando o período de chuvas, despejar com maior fúria suas torrentes sobre a planície.” Portanto, é requerido mais que conhecimento especifico na área de atuação, ao modificar o meio ambiente. No momento que alteramos algo na natureza, surge uma reação em cadeia, e se o modificador não for cauteloso, prevendo as conseqüências, vamos continuar em desarmonia com a natureza . “É necessário uma revolução que transforme por completo o modo de produção existente até hoje e, com ele, a ordem social.” A ciência social burguesa e a economia política clássica, cuidam apenas dos objetivos imediatos, sem se preocupar com a vingança da natureza, pois depois que usamos de maneira a propiciar lucros imediatos a natureza de alguma maneira vinga a violência sofrida. “Com o atual modo de produção que busca resultados mais palpáveis”, vamos continuar a divisão de classes oprimidas e dominantes.
SOBRE O PAPEL DO TRABALHO NA TRANSFORMAÇÃO DO MACACO EM HOMEM
Engels, 1876
Por Silvio Tadeu Fossatti
O trabalho é a fonte de toda riqueza, sendo ao lado da natureza, que fornece os materiais para a riqueza, a condição básica do homem, podendo-se dizer que o trabalho criou o próprio homem.
Há milhares de anos no período terciário, vivia numa zona tropical uma raça de macacos antropomorfos muito desenvolvidos. Eram peludos, com barba, orelhas pontiagudas, viviam em árvores e manadas conforme Darwin descreveu. Como trepavam em árvores as mãos desempenhavam funções distintas dos pés e foram se acostumando a prescindir delas para caminhar, adotando uma posição cada vez mais ereta. Foi à transição do macaco ao homem.
Hoje, estes macacos que existem podem permanecer em posição ereta ao caminhar, mas só o fazem em extrema necessidade e lentamente. Caminham em posição semi-ereta usando as mãos, apoiando no solo os dedos, encolhendo as pernas e avançando o corpo entre seus largos braços. Observam-se ainda hoje as formas de transição entre a marcha a quatro patas e a ereta, sendo esta uma posição circunstancial.
A posição ereta era primeiro uma norma, mas, tornou-se necessidade já que as mãos executaram cada vez mais funções, existindo nítida divisão das funções dos pés e mãos. As mãos trepavam, mas também recolhiam e sustentavam os alimentos, fazendo ninhos em arvores e no caso dos chimpanzés construindo telhados entre os ramos para se abrigarem. Também empunham garrotes e atiram pedras e frutos para se defenderem. E, quando se encontravam prisioneiros faziam operações com as mãos que copiavam os homens, mas, mesmo os macacos superiores (antropóides) não aperfeiçoavam as mãos para o trabalho, como o homem o fez durante milhares de anos. Mesmo tendo o mesmo número de ossos e músculos a mão do selvagem nunca foi capaz de executar o que a mão do homem faz.
Por isso, as funções das mãos desses antepassados foram se adaptando lentamente em funções muito simples. Os selvagens mais primitivos são superiores aos do período de transição e antes do homem fazer o primeiro machado com a mão, deve ter transcorrido um tempo tão longo que este período histórico por nós conhecido ficou insignificante. Mas a destreza, agilidade e flexibilidade adquirida pela mão passavam de geração a geração. Então, a mão não é apenas o órgão de trabalho, mas produto dele, pois pela adaptação de novas funções, pelo aperfeiçoamento dos músculos, ligamentos e ossos, pela aplicação dessas novas e complexas habilidades é que a mão do homem atingiu esse grau de perfeição demonstrado em todas as artes.
A mão não era algo próprio e independente, mas parte de um organismo íntegro e complexo onde o benefício que recebia também o corpo recebia. Um dos benefícios, de acordo com a lei que Darwin chamou correlação do crescimento, dizia que certas formas das partes dos seres orgânicos sempre estão ligadas a outras partes sem nenhuma relação; por exemplo, os gatos brancos e de olhos azuis são quase sempre surdos. A evolução gradual da mão humana e a adaptação do s pés em andar ereto exerceram influência sobre outras partes do organismo, mas essa ação se acha pouco estudada e vamos apenas citá-la.
Mas, importante é a ação direta exercida pelo desenvolvimento da mão no resto do organismo. Nossos antepassados viviam congregados e a cada novo progresso no domínio sobre a natureza, que iniciou com o desenvolvimento da mão e do trabalho, descobriam novas propriedades desconhecidas nos objetos. Com o desenvolvimento do trabalho e da atividade em conjunto contribuíram para agrupar ainda mais os homens e assim a necessidade de comunicação começou a desenvolver a laringe e conseqüentemente o som articulado
A comparação com os animais mostra a certeza da origem da linguagem através do trabalho. Mas, os animais se comunicam sem usar a palavra. O que não acontece quando o animal é domesticado pelo homem, como exemplo, o cão, o cavalo e o papagaio.
Primeiro o trabalho e depois a articulação foram os estímulos iniciais para transformar gradualmente o cérebro do macaco em cérebro humano. Com isso, desenvolvem-se também os órgãos dos sentidos, além da linguagem, a audição, a visão, o olfato e o tato.
Então cérebro e sentidos, consciência, abstração e discernimento reagiram sobre o trabalho e a palavra estimulando seu desenvolvimento. Mesmo o homem se separando do macaco o desenvolvimento não cessa, às vezes interrompido por fatores locais, mas avançando por um novo elemento: a sociedade.
Foram centenas de milhares de anos para a sociedade surgir das manadas dos macacos com um sinal distinto entre os dois: o trabalho. Os macacos satisfaziam-se de alimentos de uma área geográfica e travavam lutas entre manadas para conquistar as zonas de alimentação, mas não conseguiam extrair mais do que a natureza oferecia, além da adubação inconsciente do solo, através de seus excrementos. E, quando todas as zonas de alimentação foram tomadas a sua população foi estancada. Com a “exploração rapace” (não respeitavam o que poderia render sempre o alimento), houve uma transformação das espécies com a adaptação a alimentos não habituais, mudando a composição química de seu sangue e a constituição física do animal com a extinção de espécies plasmadas. Isso contribui para a humanização de nossos antepassados ampliando as plantas e suas partes na alimentação das raças mais inteligentes e adaptadas. Então com uma alimentação variada, com novas substâncias, houve uma condição química favorável para transformar os macacos em humanos. Aí o trabalho começa na construção de instrumentos de caça e pesca que também eram usados como armas. Ocorre à mudança da alimentação vegetal para a mista, importante passo na modificação do macaco em homem.
A carne trouxe ao organismo os elementos essenciais para o metabolismo, diminuindo os processos de digestão da vida vegetativa do organismo, elevando significativamente o homem sobre os animais, além de converter o gato e o cão selvagem servidores do homem. Com a alimentação mista o homem obteve força física e independência. Mas, foi no cérebro que esta alimentação mais se manifestou aperfeiçoando-o de geração em geração. Mesmo em épocas que houve o canibalismo, esta alimentação foi essencial para o homem ser homem. Com isso também surgiu o uso do fogo, reduzindo o processo de digestão e a domesticação dos animais, aumentando as reservas de carne, leite e seus derivados sendo um novo alimento. Esses dois fatores foram novos meios de emancipação do homem. Como conseqüência o homem aprendeu a comer tudo que era comestível e viver em qualquer clima habitável da terra, e, mesmo os animais domésticos que também conseguiram viver neste clima, foram unicamente acompanhando o homem. Assim o inverno e o verão criaram no homem novas exigências de se abrigar e se proteger do frio surgindo novos trabalhos e afastando mais o homem do animal.
Com a cooperação da mão, da linguagem e do cérebro o homem em sociedade aprendeu a executar ações cada vez mais complexas e o trabalho se aperfeiçoava mais a cada geração. Com a pesca e a caça surgiu a agricultura, a fiação e tecelagem, os metais, a olaria, a navegação, o comércio, os ofícios e finalmente as artes e as ciências. Das tribos as nações e estados, o direito e a política e como reflexo fantástico do cérebro a religião. Então, o fruto do trabalho da mão ficou relegado a um segundo plano, tanto que, na família primitiva, a cabeça já planejava o trabalho exercido por mãos alheias. O progresso foi atribuído exclusivamente ao cérebro através do pensamento, ao invés de incluir as necessidades do homem como reflexo desse progresso. Com o tempo surgiu uma idéia idealista do mundo que dominou o cérebro dos homens, a tal ponto que naturistas da escola de Darwin, próximos do materialismo, não formarem uma idéia clara da origem do homem, por não verem o papel desempenhado pelo trabalho.
Os animais, menos que o homem, também modificam a natureza exterior repercutindo em seus causadores e com isso mudando-os. Na natureza as mudanças não ocorrem isoladas, mas interligadas. E esse esquecimento faz com que os naturistas não percebam nitidamente as coisas mais simples. A influência dos animais sobre a natureza é involuntária e acidental, mas os homens se afastando dos animais, influem cada vez mais na natureza de maneira intencional e planejada. Os animais destroem a vegetação sem se dar conta do que fizeram, os homens fazem para semear ou plantar cientes do que vão colher. O homem leva plantas e animais domésticos de um país para o outro modificando a flora e a fauna e ainda os criam em condições artificiais deixando-os irreconhecíveis. Por exemplo, ainda não foram encontrados os antepassados silvestres dos cultivos cerealistas, nem o animal que deu origem ao cão e cavalo atuais.
Então, o animal muda a natureza por sua presença e o homem modifica, domina e impõe a servir-lhe sendo essa a diferença crucial entre homem e animal, diferença que resulta mais uma vez do trabalho.
Mas, a natureza responde ao homem pela sua modificação: a aridez da terra, as secas e as doenças, e, esse domínio sobre a natureza não é de fora da mesma, pois pertencemos a ela e somos capazes de reconhecer e aplicar as suas leis de maneira adequada. Cada vez mais conhecemos suas leis, seus efeitos e conseqüências de nossa intromissão em seu curso. Com o progresso das ciências naturais podemos prever e controlar estas remotas conseqüências de nossos atos na produção. Com essa realidade o homem compreenderá sua unidade com a natureza e mais improvável será esta idéia de oposição entre o espírito e a matéria, o homem e a natureza e a alma e o corpo, idéia que começa a difundir-se na Europa e atinge seu apogeu no cristianismo.
Foram necessários milhares de anos para o homem aprender a prever as conseqüências da produção e muito mais das conseqüências sociais. Quando a escrofulose matou um milhão de irlandeses (através de uma doença na batata), quando os árabes ao produzirem o álcool dizimaram a população indígena americana, quando Colombo pelo descobrimento da América criou a escravidão, quando a máquina a vapor subverteu as condições sociais do mundo ao concentrar a riqueza e criar o primeiro domínio social e político, seja a burguesia que após criou a luta dela com o proletariado e que só encerrou com o fim da burguesia e os antagonismos de classe. Conhecem-se, assim, as conseqüências sociais indiretas de nossos atos na produção, no domínio e no controle.
Para ter este controle não basta o conhecimento, mas uma transformação completa no modo de produção existente até hoje e com ele a ordem social vigente. Todos os modos de produção até hoje, procuravam o resultado do trabalho imediatamente, não observando as conseqüências e efeitos que surgem mais tarde pelo efeito da repetição e acumulação.
Com a decadência da propriedade comunal, com o esgotamento das terras livres, as formas de produção que vieram depois conduziram a divisão da população em classes dominantes e oprimidas. Pelas dominantes cresceu a produção que miseravelmente mantinha as oprimidas. Era a produção capitalista que prevalece hoje na Europa Ocidental. Os capitalistas dominam a produção e a troca e ocupam-se da utilidade dos seus atos que fica em segundo plano importando apenas o lucro.
Os capitalistas isolados produzem ou trocam objetivando unicamente o lucro imediato, não interessando o que vai ocorrer com o comprador, a mercadoria vendida e as conseqüências naturais dessas ações muitas vezes danosas. Com o atual modo de produção nas conseqüências naturais e sociais, o que interessa apenas são os resultados palpáveis. Estranha-se que, as conseqüências remotas destas ações que perseguiam estes fins serem diametralmente opostas, onde a harmonia entre a oferta e a procura converta-se em lugares opostos comprovados pelos ciclos industriais de dez anos, convencendo-se disso os que viveram previamente a crise econômica de 1873/74 na Alemanha e de a propriedade privada, pelo trabalho próprio, desenvolvendo-se na ausência de posse pelos trabalhadores, enquanto a riqueza se concentra cada vez mais nos que não trabalham.
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